A experiência que descreverei começou numa segunda-feira em que o providencial esquecimento de um par de sapatos me colocou em frente ao baralho para receber uns avisos. O mais chocante deles eu receberia naquela tarde, em que fui avisada do falecimento de um amigo por um amigo em comum. Mas a dona do jogo também dizia que se modificaria de forma radical o sentimento que nutria por certo homem em razão de um flerte.
Os minutos passados em frente ao baralho me fizeram sair de casa atrasada. Peguei um táxi. Achei que chegaria rápido ao trabalho - passei uma hora presa no engarrafamento, o que acabou sendo bem agradável, pois na companhia de um homem alto, educadíssimo, de voz agradável e olhar expressivo. E a primeira previsão da cigana estava em andamento: houve um flerte. Uns elogios, uma troca de telefones e um beijo na despedida. À tarde, recebo um SMS onde se lia: "adorei o beijo. quero mais". Acabamos combinando para que ele viesse à minha casa, já que o horário viável para ele era tarde demais para sairmos, ainda que muito antes do horário em que costumo dormir.
Chegou suave. Encontrou-me cheirosa. Pediu para tomar banho (e ganhou muitos pontos com isso). Saiu do banheiro de toalha (e com um pau vivo debaixo dela) e me deixou mais acesa. A menstruação tinha vindo à tarde, algumas coisas não pudemos fazer. Mesmo assim, a interação foi excelente.
Mas isso é só parêntese. O cerne da coisa foi quando conversamos na sala, depois de tudo, ele bebendo o cafezinho que fiz (ou melhor, que a cafeteira produziu). Disse ele que estava casado havia um ano (ele já tinha falado que era casado antes, mas eu não podia imaginar que era há tão pouco tempo), pediu que eu não ligasse em horários em que ele estaria em casa - e disse que horário seria, falou que não poderia sair comigo para locais públicos. Disse que para ele não se tratava apenas de sexo, que poderíamos fazer outras coisas juntos. Falei que podia lidar com isso e que, no momento em que não pudesse, diria isso a ele e romperia. Porque (e isso eu não disse) para mim trata-se apenas de sexo (e uns poucos adendos, que na verdade se resumem em interação humana indispensável ao bom sexo). A epifania da clareza ocorreu quando me dei conta que, se aquele que povoa(va) meus pensamentos mais afetuosos e também mais sujos me dissesse o que meu novo amiguinho falou, eu piraria. Não ter, jamais, a disponibilidade de quem se gosta, não poder ligar em certos horários, não poder passear juntos. Isso seria doído demais, acho que não conseguiria. Descobri que seria muito traumático se fosse meu coleguinha a me dizer aquelas coisas. Que seria destrutivo em excesso aceitar ter o homem que quero "pela metade". Pronto, taí o que a cigana me disse de manhã...
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